
Tratei de dois toshos e entretanto era hora do almoço. Os sábados são muito movimentados por aqui. Parece que há uma espécie de clube. Começaram a chegar clientes e ao final da manhã havia uns quinze reunidos em torno do Sensei, a trabalhar muitos shohin e alguns mame. Não percebi nada do que diziam, mas havia uma palavra que estava sempre a ser dita: sakufu-ten... acho que estavam a preparar árvores para participar nessa exposição.
Depois do almoço, aconteceu algo que me deixou surpreso. Não sei se é normal, mas o Sensei esteve todo o tempo ao meu lado, não fez outra coisa senão acompanhar-me. Falou-me sobre estética no bonsai, sobre equilíbrio em geral - o que ele considera ser a mais importante característica num bonsai, sobre equilíbrio estático e equilíbrio dinâmico e quando é mais apropriado usar um ou outro. Sempre com exemplos. Foi uma conversa muito enriquecedora e que fez com que eu compreendesse o estilo do Sensei.
Como passámos tanto tempo a falar, não trabalhámos muitas árvores. As fotografias de todas seguem abaixo:



Nestas árvores, o trabalho foi essencialmente de rotina. O objectivo era analisar diferentes estilos. O Sensei explicou-me como enxertou o segundo ramo, o da esquerda, neste sugi (que é maior do que parece). O ácer tridente na rocha sofreu o primeiro trabalho de selecção dos ramos.
Ainda havia espaço para mais surpresas. O Sensei levantou-se e apareceu mais tarde com dois juníperos itoigawa. Disse-me que lhes podia fazer o que eu quisesse. Tinha que usar a minha imaginação e criatividade. Pediu que fizesse um desenho e lhe mostrasse para discutirmos. O processo foi demorado e a discussão sobre as opções estéticas longa. O resultado foi este:


Serão sem dúvida dois shohin muito bons no futuro. Os troncos medem cerca de 8cm de diâmetro e este material é comum por aqui.
Alguns exemplos de árvores de Taisho-en para terminar.




