2009-09-07

Dia 10

Pinheiros, pinheiros e mais pinheiros, parte 2. Foi impossível fotografar todos. Um atrás do outro, sempre sem parar. Oyakata quis que eu ganhasse prática e não me deu descanso.

À hora do almoço, levou todos a almoçar a um restaurante de ramen. Quando regressámos, distribuiu gelados pelo pessoal (estava muito calor) e deu-me mais pinheiros para trabalhar...

Estes pinheiros são material que não entusiasma muito, mas são bons para praticar. Oyakata é extremamente exigente com a técnica de aramagem e várias vezes tive que recomeçar. É frustrante, muito difícil conseguir aramar um pinheirito com muitos ramitos sem infringir nenhuma das regras de Oyakata. Por exemplo, não tolera mais do que dois arames em paralelo, a não ser em casos verdadeiramente excepcionais, não tolera cruzamentos a não ser que não haja alternativa (e ele encontra sempre uma), não tolera espaços nos arames, mesmo que milimétricos: faz um teste com arame 0.6mm de cobre: se couber entre as voltas, está mal e é preciso refazer. Enfim, bastante difícil... e tudo com arame de cobre.

Um exemplo dos ditos pinheiros:

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Dizem que no futuro este pinheiro será muito valioso por ter a raíz exposta... a mim não me entusiasma.

No final do dia, Oyakata percebeu que eu estava cansado de tanto pinheirito e deve ter notado alguma frustração. No mesmo instante em quem entrou uma excursão de bonsaístas japoneses em Taisho-en (talvez uns 20, e todos queriam falar comigo, em japonês, claro) Oyakata disse-me que escolhesse qualquer árvore do viveiro para um restyling. Eu perguntei: qualquer? Oyakata respondeu: qualquer.

Eu já tinha um velho pinheiro vermelho debaixo de olho há uns dias. Um pinheiro discreto, extremamente elegante, yamadori, e com casca que parece massa folhada. Estava num estilo semi-cascata que não o favorece muito.

Mostrei a minha escolha a Oyakata, a minha proposta de design e ele concordou. Mas era já tarde e teve de ficar para o dia seguinte...

O estado do pinheiro antes do trabalho:

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